Shantal Verdelho obteve uma vitória significativa em seu caso de violência obstétrica contra o médico responsável pelo parto de sua segunda filha. Na última quinta-feira (27/07), os desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo concordaram unanimemente com os recursos apresentados pela defesa de Shantal e pelo Ministério Público, confirmando o crime e as lesões praticadas por Renato Kalil.
Shantal expressou sua emoção ao relembrar o incidente, dizendo: “Só de relembrar o dia do ocorrido eu penso no que minha filha e eu tivemos que passar e me emociono, penso que justiça sendo feita não alivia o que passamos esse dia mas muda uma sociedade que vai saber que está protegida pela justiça em seu momento mais vulnerável e que deveria ser lindo e com respeito que é o parto”.
Anulação de sentença anterior
A decisão recente anulou uma sentença de arquivamento emitida pelo juiz Carlos Alberto Corrêa de Almeida em outubro de 2022, que não reconheceu as alegadas agressões. Segundo Shantal, essas agressões são evidenciadas em vídeos onde se pode ouvir xingamentos, palavrões e práticas não recomendadas pela Organização Mundial da Saúde desde 2009.
Possíveis consequências para o médico
Se condenado, o obstetra pode enfrentar pelo menos 1 ano e 6 meses de prisão, considerando a soma das duas penas. O caso também resultou em uma denúncia ao Conselho Regional de Medicina, o CREMESP, levando à suspensão do direito de exercer a medicina até a conclusão do processo ético-profissional contra ele.
Relembre o caso
Shantal Verdelho, revelou em áudios vazados na época o que teria experimentado durante o parto: “Quando a gente assistia ao vídeo do parto, ele me xinga o trabalho de parto inteiro. Ele fala: ‘Prra, faz força. Filha da mãe, ela não faz força direito. Viadinha. Que ódio. Não se mexe, prra’… depois que revi tudo, foi horrível”, relatou. “Ele chamou meu marido e falou: ‘Olha aqui, toda arrebentada. Vou ter que dar um monte de pontos na perereca dela’. Ele falava de um jeito como ‘olha aí, onde você faz sexo, tá tudo f*dido’. Ele não tinha que fazer isso. Ele nem sabe se eu tenho tamanha intimidade com meu marido“.
