A comunidade LGBTQIA+ perdeu uma de suas figuras mais emblemáticas nesta segunda-feira (12/02), com o falecimento de Camille K. aos 78 anos. Artista travesti de renome e musa inspiradora para Miguel Falabella, sua partida marca o fim de uma era de pioneirismo e resiliência na cena cultural brasileira.
Camille K foi um farol de talento e ousadia, iluminando os palcos do Teatro Rival, situado no coração do Rio de Janeiro. Pertencente à vanguarda das artistas travestis no Brasil, ela viveu uma vida repleta de expressão artística e superação. Entretanto, seus últimos dias foram marcados por adversidades, enfrentando dificuldades financeiras e problemas de saúde que a afastaram dos palcos que tanto amava.
Seu legado inclui colaborações memoráveis com Miguel Falabella, especialmente destacada na peça “No Coração do Brasil”, ao lado de grandes nomes como Maria Padilha, Jacqueline Laurence e Thales Pan Chacon. Apesar de uma carreira com altos e baixos, Camille nunca deixou de ser uma figura admirada e respeitada, tanto por sua arte quanto por sua vivacidade e elegância.
A influência de Camille K transcendeu os palcos, alcançando as telas no documentário “Divinas Divas”, dirigido por Leandra Leal. Este trabalho homenageou a trajetória de Camille e outras sete travestis que quebraram barreiras na cultura brasileira. Leal, ao lamentar a perda, relembrou Camille como uma diva elegante, vaidosa, e uma artista consciente de sua luz única.
Camille K deixa um legado de luta, arte e amor, uma lembrança eterna de que “a arte é divina demais para ser normal”. Sua história é um testemunho da beleza e da complexidade da experiência trans, celebrando a vida de uma mulher que viveu intensamente até seus últimos dias.